“Ela era a minha melhor amiga. A considerava
como uma irmã mais nova por sua idade. Eu sempre errei com ela, sempre
colocava a minha namorada, que hoje é ex, á frente dela. Se fosse para
escolher, eu não a escolheria. Se fosse para defender, eu não a
defenderia. Mas ela ainda insistia de gostar de mim. Lembro que ela
namorava, e eu tinha um pouco de raiva do namorado dela. Eles ficavam
bonitos juntos, mas eu não admitia. Na verdade, eu estava pouco me
fodendo pra quem ela escolheria pra ficar ou seja lá o que ela queria
fazer. Todo dia ela me vinha com algo diferente, ou era uma história
nova, ou uma música, ou ela. Exato, ela mudava todos os dias. Me chamava
de idiota, e depois dizia que eu era a sina dela. Ela dizia que queria
conhecer minha família, e sempre se magoava quando eu falava que minha
irmã não gostava dela. Já a presenciei imaginando idas a minha casa,
conversas com a minha irmã, jantares com meu pai, compras com minha mãe,
filmes comigo. Cansei de vê-la sorrindo por minha causa. Era um saco
quando ela me mandava mil mensagens antes de dormir. Mas ela era uma
melhor amiga excelente, estaria do meu lado pro que der e vier. Não se
importava de perder o primeiro tempo de aula, para ficar comigo até as
quatro da manhã por eu dizer que não estava conseguindo respirar. Ela me
escreveu cartas, me deixou bilhetes, me mandou mensagens. Ela se
preocupava comigo, com minha saúde. Era uma das poucas pessoas que
realmente queria saber o que eu havia feito no dia. Toda noite ela me
ligava, falava baixinho para a mãe não descobrir. Entrou em desespero
quando falei que eu precisava de cirurgia. Entrou em choque quando falei
que estava de castigo e ficaria sem celular. Ela fazia de tudo pra me
agradar, já deixou o namorado de lado umas mil vezes, pra falar comigo.
Era só eu falar que estava com dor de cabeça, que ela já me perguntava
se eu havia andado chorando. Aquela filha da puta de cabelos claros me
conhecia como ninguém mais. E eu não dei valor, ou não soube dar. Ela
tinha um mini-blog e tudo o que ela postava era pra mim, dava para
perceber. Teve uma vez também, que ela me apresentou a mãe dela. Era
como se fosse uma realização dela. Ela corria atrás de mim, não demorava
trinta segundos para me responder quando eu mandava mensagens. Já
passei dias e dias conversando com ela. Ela me contava tudo, desde o
primeiro beijo até a dor de barriga que teve noites atrás. Ela se fazia
de super herói, mas queria mesmo era ser princesa. Se elogiava sempre
que tinha chances. E eu? Idiota mandei a parar de fazer isso, porque eu
queria a elogiar também. Mas não deu em nada, nunca cheguei e disse o
quanto ela era linda. Passou dias e ela continuava a mesma rotina, ela
corria atrás de mim. Ela me amava, essa era a verdade. Me queria muito
mais como melhor amigo, ela estava perto. Podia vir me ver sempre que
quisesse, mas eu não dei valor. Só havia como mais uma. Novamente, eu
pouco me fodia pros sentimentos dela. A via como uma mimada, metida a
besta que queria me ter só por estar acostumada a ter todos os caras que
ela quisesse ter, na hora que quisesse também. Então eu não ligava
mesmo. Passou mais de uns quatro meses e ela continuava a correr atrás,
até que um dia acordei e não tinha nenhuma das dez mensagens dela no meu
celular. Achei estranho, mas foda-se. Continuei a minha vida, eu tinha
uma namorada, e eu pegava quem eu quisesse também. Passou duas semanas e
algumas coisas mudaram. As coisas não estavam fáceis, ela não me
respondia. E quando respondia, era seca. Não era mais a minha melhor
amiga. Eu comecei a me afetar, mas nada que me magoasse. Foi passando
uns dias e eu não procurei mais, ela não mandava mensagens e eu muito
menos. Eu continuei a minha vida, as vezes a via em minha rede social,
umas fotos, outras frases, apenas. Nenhuma me mostrava infelicidade da
parte dela. Descobri por meio de amigos em comum que ela não bebia fazia
um mês. Que não estava mais naquele mundinho que eu achava que ela
vivia. Passou dois meses e nada da gente se falar. Eu havia terminado
meu namoro, meus pais estavam diferentes comigo, passei a ir mal na
escola. Vieram me falar que ela ainda estava namorando com o mesmo
idiota. Eu me surpreendi, ela nunca foi de ficar mais do que quatro
meses com alguém, e ela já estava com ele faziam sete meses. Depois
comecei a beber, bebia como eu nunca tinha bebido, eu não era disso,
sempre dei exemplo pra ela. Fiquei na minha, não a mandei mensagem. Nada
mesmo. Numa sexta-feira, fui ao shopping com minha irmã mais velha e
ela, do nada, me perguntou sobre minha melhor amiga. Eu contei a
história resumidamente. Mudamos de assunto, rimos, compramos. Até que no
meio de um brincadeira, ela apontou para uma menina loira e me
perguntou o que eu falaria se fosse ela ali. Eu ri e apenas disse que
não faria nada, apenas a beijaria. Rimos e quando fomos nos aproximando,
a menina loira virou. E era ela. Acredita? Era a minha melhor amiga. Ou
ex. Eu fiquei paralisado, deixei as sacolas de compra cair no chão e
fiquei a encarando. Ela de primeiro, não me reconheceu. Mas depois que
fiquei olhando paralisado para ela, ela educada como sempre, sorriu. Até
que percebeu que era eu e fechou aquele sorriso que eu nunca tinha
percebido, mas que era lindo. Eu não conseguia pensar em mais dela, ela
estava linda. Queimada de sol, suas bochechas estavam vermelhas e seus
cabelos nunca estiveram claros como estavam ali. Ela veio na minha
direção, sem falar nada, eu abri os braços no intuito dela me abraçar,
mas ela ao chegar perto de mim, virou o rosto, olhou para o lado e
seguiu em direção a um garoto. Era o namorado dela, aquele mesmo que eu
considerava um baita de um idiota. Ele a beijou, deram as mão e
continuaram a passear no shopping. Eu fiquei ali parado, até minha irmã
me ajudar a pegar as coisas. Nos sentamos e eu logo peguei meu celular,
mandei uma mensagem para ela. Mensagem idiota, disse que estava com
saudade. Ela demorou para responder, e quando respondeu, apenas disse
que aquilo já não era problema dela. Encarei o celular por horas, e pela
primeira vez chorei na frente da minha irmã. Doeu tanto ler aquilo, que
quando me toquei, eu estava apaixonado por ela. Me senti o cara mais
idiota do mundo. Senti inveja do namorado dela. Lembrei das vezes que
era ela, mandando mensagens dizendo que estava com saudade. Eu não sabia
como, mas a minha vida desandou sem ela. Só que agora, era tarde demais
para tentar qualquer coisa com ela.”
— | Então se liga, porque o amor da tua vida pode tá mais perto do que você imagina. E pode ter certeza, que quando for tarde, dar valor não vai mais adiantar, notrecall. |
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